
Rafa Zimbaldi: “Lançamos a Frente Parlamentar na Alesp para acabar com crimes digitais contra crianças”
A luta contra os crimes digitais ganha mais força no Estado de São Paulo com a criação da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Ambiente Digital contra Crianças e Adolescentes. A iniciativa, liderada pelo deputado estadual Rafa Zimbaldi, que assume a coordenação do grupo de trabalho, foi lançada nesta terça-feira (10/11) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), reunindo autoridades do Ministério Público, Tribunal de Justiça, representantes do Governo do Estado, de instituições e profissionais especializados na investigação de crimes digitais.

A Frente Parlamentar tem a finalidade de propor e acompanhar ações para prevenir, combater e colaborar com as autoridades no que diz respeito a investigações e prisões de criminosos que aliciam jovens em plataformas na internet, a exemplo de aplicativos como Discord, TikTok e outros aplicativos. “A tecnologia, que pode salvar vidas, também tem mostrado um caminho de dor e morte para milhares de famílias. O número de crianças e adolescentes que perderam a vida depois de participarem de desafios online é assustador”, afirmou o deputado Rafa Zimbaldi.

Durante a cerimônia, o deputado Rafa Zimbaldi destacou a urgência de medidas concretas diante do aumento alarmante dos casos de violência digital contra jovens no Brasil. “Desde 2023, mais de 100 criminosos foram presos por aliciar crianças e adolescentes na internet. Graças às ações coordenadas pela jornalista Carla Albuquerque, o Instituto Aegis e o Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) da Polícia Civil de São Paulo, mais de 300 vítimas foram salvas e 59 suicídios evitados só neste ano”, ressaltou o deputado Rafa Zimbaldi.
Para se ter ideia da gravidade dos crimes em ambientes digitais, pelo menos 56 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos morreram ou tiveram ferimentos graves entre 2014 e 2025 ao participar de jogos ou desafios virtuais, segundo o Instituto DimiCuida. “Não podemos perder tempo. Precisamos enfrentar essa batalha juntos, garantindo que nossos jovens estejam seguros no ambiente digital”, finalizou o deputado, acrescentando que uma das preocupações também está sobre a saúde mental das crianças e adolescentes por conta da longa exposição a celulares. “Essa realidade é resultado da exposição prolongada a dispositivos eletrônicos e isso pode estar contribuindo para a deterioração da saúde mental, como transtornos de ansiedade”, afirma o deputado Rafa Zimbaldi.

Emoção e revolta
Um dos momentos mais marcantes da cerimônia foi a presença de Mariza Aparecida de Carvalho Silva, mãe da estudante Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, vítima de um atentado dentro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. Giovanna foi baleada na cabeça por outro aluno, e, na ocasião, outras três estudantes também ficaram feridas.
Durante o lançamento da Frente Parlamentar, Mariza leu uma carta emocionante. Antes disso, um vídeo foi exibido, revelando as conversas e o planejamento da ação por parte dos responsáveis pelo ataque.
Presenças
Também prestigiaram compondo a Mesa Diretora do lançamento da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Ambiente Digital Contra Crianças e Adolescentes a deputada Marina Helou (vice-coordenadora da Frente Parlamentar), o jurista Luciano Santoro, a promotora de Justiça Elisa De Divitiis Camuzzo, o presidente nacional do Marco da Criança e do Adolescente, Evandro Dal Molin, a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Gilda Cerqueira Alves Barbosa Amaral Diodatt, Solano de Camargo, conselheiro estadual e presidente da Comissão Especial de Privacidade, Proteção de Dados e Inteligência Artificial da OAB-SP e padre Afonso Lobato (ex-deputado estadual).

Amplo apoio
Além do apoio dos demais deputados, a Frente Parlamentar também já conta com o apoio de diferentes entidades que atuam no enfrentamento dos crimes em ambiente digital no Brasil.
Entre os apoiadores estão parlamentares da Alesp, o Instituto Aegis (IA), a jornalista investigativa Carla Albuquerque, Luís Guilherme de Sá, presidente do Instituto Aegis, Lisandrea Zonzini Salvariego Colabuono, delegada chefe do Núcleo de Operações e Articulações Digitais (Noad), da Polícia Civil de São Paulo, advogada Tanila Savoy, presidente da Associação Nacional das Vítimas de Internet (ANVINT), advogada Carolina Defilippi, jurista Luciano Santoro, psiquiatra Felipe Becker, psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, Carla Georgina, jornalista, educadora midiática e representante do Mind Lab, Samantha Plonczynski, especialista em marketing digital com foco em saúde mental, Jaqueline Capel, pedagoga, psicopedagoga comportamental e especialista em TEA, Thais Cristina Capodeferro Perini, pedagoga e assistente social, idealizadora do projeto Jovens em Ação e a delegada Ivalda Oliveira Aleixo, chefe do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo.
Cidadania Digital
A frente parlamentar proposta por Rafa Zimbaldi é reflexo do seu projeto de lei 1193/2019, que tramita na Assembleia Legislativa para criar o Programa Cidadania Digital nas escolas públicas e privadas de todo o Estado de São Paulo. A proposta do parlamentar já obteve aval das Comissões e aguarda para ser votada em Plenário. “A ausência de letramento digital entre adultos e a carência de educação crítica para jovens deixa todos expostos a uma rede de manipulação, violência simbólica e radicalização precoce”, enfatiza.
Mais de 300 vítimas salvas
- Desde 2023, já foram detidas 117 pessoas envolvidas em crimes em ambiente digital.
- Os resultados são frutos da colaboração do Instituto Aegis junto ao Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo.
- O Instituto Aegis (IA) tem operações contra crimes em ambiente digital no Brasil, Portugal, Espanha, França e Estados Unidos.
- 15 panelas do Discord desmobilizadas.
- Mais de 300 vítimas salvas.
- Mais de 59 suicídios foram evitados em 2025.
- Mais de 15 ataques em escolas foram evitados também em 2025.
56 mortes de crianças e adolescentes
Segundo dados do Instituto DimiCuida, pelo menos 56 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos morreram ou tiveram ferimentos graves entre 2014 e 2025 ao participar de jogos ou desafios online. Entre os comportamentos de risco mais comuns estão práticas de sufocamento, asfixia, apneia e autoagressão.
Saúde mental de crianças e adolescentes
O número de atendimentos relacionados a transtorno de ansiedade no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 3.300%, de 2014 a 2024, entre jovens de 15 a 19 anos. Dados do Ministério da Saúde apontam ainda que crianças entre 10 e 14 também sofreram com o transtorno na última década, com um aumento de 2.500% em atendimentos.
Segundo as informações, em 2014, apenas 1.534 atendimentos para jovens foram feitos no SUS, enquanto, em 2024, o número saltou para 53.514. Já entre crianças de 10 a 14 anos, houve 1.850 atendimentos em 2014, frente a 24,3 mil no ano passado.